Escrito para o BabyCenter Brasil

Estou sentindo muita dor na virilha e no púbis. O que é isso?

A dor na região pélvica é bastante comum durante a gravidez, infelizmente. Cerca de metade das gestantes sofre de algum tipo de dor nas costas ou na pelve.

Durante a gestação, seu corpo produz um hormônio chamado relaxina, que torna mais elásticos os ligamentos na pelve e em outras articulações, com o objetivo de ajudar a passagem do bebê na hora do parto. Por causa da maior elasticidade dos ligamentos, as articulações ficam mais “soltas” ao longo da gravidez (e logo depois também).

Além disso, na gravidez, sua postura e sua força muscular se modificam, assim como a movimentação nos lados direito e esquerdo da pelve. Com tudo isso, as articulações, os ligamentos e os músculos da região pélvica acabam sendo muito pressionados.

E quando a dor é na parte de trás do quadril?

A dor na parte de trás da pelve é frequente na gravidez. O problema também pode ser chamado de dor na junta sacro-ilíaca, porque esse é o nome da articulação onde se iniciam os desconfortos.

Frequentemente, essa dor púbica é confundida com a dor ciática. Pouquíssimas mulheres — apenas cerca de 1% delas — apresentam ciática na gravidez. Já se sabe que a maior parte das queixas de dores na região da coluna lombar ou nas pernas durante a gestação vem de problemas na sínfise púbica.

Dores na região da frente do osso púbico também podem acontecer.

Nos casos mais graves, a dor pélvica recebe o nome de disfunção da sínfise púbica. É uma dor que chega a ser incapacitante e precisa de tratamento, às vezes até no hospital. Mas felizmente não é tão comum.

Não sei se é isso que estou sentindo. Como é essa dor pélvica?

Na maioria das vezes, a dor pélvica da gravidez ocorre em apenas um lado e pode se concentrar nas nádegas. Ela pode também dar a impressão de estar “saltando” de um lado para o outro, ou ainda ser acompanhada por uma dor nas costas ou por dor na parte da frente da pelve.

A dor pode ainda se irradiar pelas nádegas ou pela parte de trás das pernas. Você também pode sentir dor nos quadris. Uma perna ou ambas podem parecer mais fracas, ou ainda pode ser que você tenha dificuldades em levantar as pernas, principalmente quando está deitada.

A dor geralmente piora quando você se deita de barriga para cima ou quando se vira na cama. Andar ou se levantar da posição sentada são ações que podem contribuir para a dor. O mal-estar piora à noite e sua intensidade geralmente está relacionada às atividades realizadas durante o dia. Abrir as pernas, principalmente nas posições agachada e deitada, também pode ser muito doloroso.

Existe alguma fase da gravidez em que essa dor é mais comum?

A dor pélvica pública pode ter início já no primeiro trimestre da gestação ou pode aparecer nos dias que antecedem o parto. Na maior parte das vezes ela aparece durante o segundo trimestre, quando o peso sobre a bacia passa a ser maior.

Se a dor aparecer no finalzinho da gravidez, talvez seja porque a cabeça de seu bebê esteja se encaixando dentro da pelve. Nesse caso, é raro que a dor volte depois do parto.

Se você sofrer com o problema na gestação, há mais chances de a dor reaparecer na próxima gravidez, talvez em uma fase ainda mais inicial. Se não for tratada, a disfunção da sínfise púbica poderá ser ainda mais grave. Por isso, nos casos em que a dor foi incapacitante, muitos profissionais de saúde recomendam esperar que os problemas da gravidez se atenuem ou desapareçam antes de tentar ter um novo bebê.

Qual é o tratamento adequado?

Há várias táticas que podem ser adotadas para combater a dor na pelve, na virilha e no púbis:

– Tenha cuidado ao realizar suas atividades diárias. Um fisioterapeuta pode ensinar técnicas para você manter a pelve mais estável na hora de realizar movimentos mais doloridos, como caminhar ou ficar em pé.

– Exercícios melhoram a estabilidade da pelve e das costas, principalmente os que trabalham os músculos da barriga e do assoalho pélvico, como pilates.

– Alguns especialistas recomendam o uso de uma cinta de suporte. Para cerca de 80% das gestantes, a cinta pode trazer alívio imediato da dor e pode ser usada com segurança durante toda a gravidez.

– Calcinhas altas com costura de reforço na região abdominal também ajudam a aliviar o peso sobre a bacia.

– A fisioterapia e algumas técnicas de massagem suave podem ajudar a relaxar áreas de tensão da bacia, das costas ou na pelve.

– A acupuntura pode ajudar, mas prefira um médico que tenha experiência no tratamento de gestantes.

A dor na pelve pode atrapalhar na hora do parto?

Se você estiver bem orientada e acompanhada, é raro que a dor na pelve ou a disfunção da sínfise púbica provoquem problemas no parto. No parto normal, converse com o médico para tentar achar uma postura mais ereta, que costuma ser mais confortável.

Se a dor for tanta que você não conseguir abrir as pernas, talvez seja melhor conversar com seu médico sobre quais as melhores posições para o parto vaginal.

O que eu posso fazer para aliviar os sintomas?

Há algumas medidas que você pode tomar para amenizar a dor:

– Se você tem dores ao se virar de um lado para o outro na cama, tente a seguinte técnica para se levantar: abrace os joelhos, trazendo-os o mais perto possível do peito; contraia os músculos da barriga e do assoalho pélvico e “role” para a frente para se sentar. Esse movimento ajuda a manter a pelve no lugar.

– Evite deitar de barriga para cima, principalmente com as pernas esticadas. Se tiver que ficar nesta posição, coloque uma toalha ou um travesseiro enrolada atrás das costas, na altura da cintura, e dobre os joelhos. Atenção quando quiser relaxar no sofá ou na banheira, pois eles são um convite para você ficar de barriga para cima. Procure outras posições confortáveis. O mesmo vale para se você for fazer uma massagem.

– Evite fazer qualquer esforço que agrave a dor. Quando a dor piora, ela pode demorar para melhorar depois.

– Ao caminhar, faça um ligeiro arco com as costas e balance os braços, como em uma marcha. Isso também ajuda a fixar a pelve.

– Faça seus exercícios para o assoalho pélvico (exercícios de Kegel) regularmente, pois eles ajudam a fortalecer as articulações da pelve.

– Evite levantar peso ou empurrar objetos pesados como móveis. Até o carrinho do supermercado pode ser um tormento. Sempre que possível, use serviços de entrega dos supermercados ou peça ajuda a alguém.

– Procure descansar sempre que possível. Você pode usar a posição de “gato” (de quatro, com as mãos e joelhos no chão) ou então sentar numa bola de ioga.

– Cuidado para não exagerar no esforço físico. Muitas vezes, você só vai sentir os resultados de um dia agitado na hora de dormir.

– Ás vezes, dormir sobre uma superfície macia ajuda. Tente colocar um edredom bem fofinho debaixo do lençol.

– Ao se vestir, sente-se para tirar e colocar a calcinha e a calça.

– A aplicação de uma bolsa de água quente pode aliviar a dor.

Este artigo pertence ao http://gestavida.blogspot.com/
Plágio é crime e está previsto no artigo 184 do Código Penal.
Thais Ramos Dias

Thais Ramos Dias

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