Também adorei o texto que eu não conhecia e conheci pela Rê Olah, então faço das palavras dela as minhas!!:
Em regra, qualquer mulher que esteja em trabalho de parto fisiológico, com a cascata hormonal acontecendo naturalmente, terá dilatação e conseguirá parir. Exceções existem, porém, são casos específicos e com certeza não corresponde à realidade da maioria.
Então, porque essas mulheres não conseguem parir?
Em primeiro lugar, a assistência ao trabalho de parto é falha. Por contraditório que pareça, ir para o hospital aos primeiros sinais de trabalho de parto contribui negativamente para o seu desenvolvimento, aumentando as chances de evoluir para uma cesariana desnecessária, muitas vezes após horas de dor e sofrimento. Isso porque:
– No hospital, a mulher sente-se fragilizada, está fora de seu ambiente de domínio, e por não se sentir a vontade “briga” com seus próprios instintos e com isso inibe a cadeia hormonal (veja mais na entrevista com Michel Odent)
– No hospital, a parturiente fica submissa às intervenções e decisões da equipe, que muitas vezes dá orientações erradas (não grite, não ande, fique quieta), faz comentários inapropriados (Nossa, que coragem a sua ter parto normal!), e não explica a necessidade e objetivo das intervenções que são feitas, tornando a mulher um agente totalmente passivo.
– As intervenções hospitalares muitas vezes são desnecessárias, afligem e desconcentram a parturiente (como monitoramento contínuo da pressão e batimentos cardíacos fetais), causam desconforto (como a colocação de supositório anal para lavagem intestinal e acesso venoso de soro) e atrapalham a castaca hormonal fisiológica (como a infusão contínua de ocitocina, hormônio que provoca contrações uterinas dolorosas e ineficazes).
– O trabalho de parto pode demorar muitas horas a partir de seus primeiros sinais, que gera ansiedade na mulher e nos familiares, associado a um longo tempo de internação e intervenções como as citadas acima, acabam causando a impressão de que algo está errado, que está demorando demais, que está passando da hora…
– Para acelerar o trabalho de parto, não é raro ser administrado ocitocina em doses cada vez maiores, que provocam fortes dores de contrações uterinas contra um útero com o colo ainda fechado (ou seja, sem dilatação). A dor aumentam o medo, o medo aumenta a dor em um ciclo vicioso que acaba por interromper o andamento normal do trabalho de parto, por isso a mulher não tem dilatação.
É importante entender que os hormônios do nosso corpo são orquestrados de forma inteligente, com doses adequadas de acordo com cada fase. E que alguns hormônios não são desejados durante o trabalho de parto (como a adrenalina, desencadeada pela ansiedade e medo).
Assim, o trabalho de parto mal sucedido está muito mais ligado à incapacidade da equipe médica de conduzir o trabalho de parto do que à incompetencia do corpo da mulher de parir.
Se você realmente deseja um parto normal sem sofrimento, é fundamental que seu médico seja favorável ao parto normal e saiba conduzi-lo, quevocê tenha o acompanhamento de uma profissional preparada para assisti-la (uma doula) e que a equipe da maternidade trabalhe de forma a garantir a saúde sua e do bebê sem intervenções desnecessárias, dando apoio e conforto.
Plágio é crime e está previsto no artigo 184 do Código Penal.