Entendendo Melhor as Contrações- Texto da Adèle Valarini
Uma das dúvidas mais comuns das gestantes é a respeito das contrações do trabalho de parto. Como reconhecê-las? Como saber quando o trabalho de parto começou? E como saber a hora de ir para a maternidade? Neste post, tentarei explicar um pouco melhor como se originam as contrações, sua evolução durante o trabalho de parto e como contá-las.
Espero que gostem!
“O útero basicamente tem uma serosa ou epimétrio, uma musculatura que é o miométrio e uma camada interna, que é o endométrio.
O miométrio é uma musculatura toda misturada, com células musculares lisas que tem uma característica especial. Além de se multiplicarem, essas células alongadas e fusiformes crescem em até 20 vezes (em caso de gravidez). Outra característica importante é que essa musculatura não recebe uma ordem de contração de fora. Algumas células musculares do útero, perto das trompas, adquirem capacidade de produzirem estímulo nervoso, são marcapassos.
O músculo uterino tem dois marcapassos, cada um perto de uma das trompas. Então a contração do útero nasce na trompa. A contração do útero é formada no próprio útero, não dependendo de estímulo nervoso.” Fonte
b) Ocitocina como forte estimulador da contração uterina: existem quatro razões para acreditar-se que a ocitocina seria importante para aumentar a contratilidade do útero próximo ao termo, sendo elas:
· Durante os últimos meses de gravidez a musculatura uterina aumenta seus receptores para ocitocina aumentando consequentemente sua sensibilidade a determinada dose de ocitocina.· A secreção de ocitocina pela neurohipófise é maior durante parto. Isso se deve principalmente a reflexos neurogênicos gerados a partir da dilatação ou irritação do colo uterino.
c) Efeitos de hormônios fetais sobre o útero:· A hipófise do feto secreta grande quantidade de ocitocina;· Glândulas adrenais do feto secretam grande quantidade de cortisol;· As membranas fetais liberam concentrações elevadas de protaglandinas.
Fatores mecânicos que aumentam a contratilidade uterina
b) Distensão ou irritação do colo uterino: apesar de não se saber o mecanismo exato pelo qual tal irritação e distensão influenciam no aumento das contrações uterinas duas possibilidades são propostas: 1) a distensão e/ou irritação causa reflexos neurogênicos que poderiam aumentar a secreção de ocitocina pela neurohipófise e 2) transmissão miogênica de sinais do colo ao corpo uterino.” Fonte
A transformação da atividade uterina no pré-parto se faz pelo:
- aumento progressivo da intensidade das pequenas contrações
- se tornam mais expansivas
- a freqüência diminui gradativamente.” Fonte
O que marca o início do trabalho de parto é a presença de contrações uterinas regulares, que não cessam e vão se tornando progressivamente mais intensas. Na maioria dos casos, as mulheres comparam as sensações do início do trabalho de parto com cólicas menstruais fortes, e observam um endurecimento da barriga, que dura de 30 a 45 segundos de cada vez. Os intervalos das contrações no início do trabalho de parto podem ser grandes, e geralmente as mulheres começam a desconfiar que estão realmente em trabalho de parto quando as contrações começam a vir de 10 em 10 minutos, mais ou menos. A cada contração, o bebê é completamente empurrado para baixo pela força do útero, e o colo do útero cede lentamente às pressões repetidas exercidas pela sua cabeça, o que causa a dilatação e consequentemente a dor. A dor da dilatação do colo uterino é geralmente sentida no pé da barriga, apenas durante a contração.
Quando as contrações começam a ficar mais intensas e longas (chegando a 1 minuto de duração, em média), e mais próximas umas das outras, começa a chamada fase ativa. Nessa etapa do parto, a mulher muitas vezes tem a sensação que as contrações de repente passam a vir uma atrás da outra, e é muito frequente ela começar a sentir dores no quadril e no cóccix (é a cabeça do bebê descendo dentro do osso pélvico). É comum bater um medo nessa hora, uma dúvida se realmente ela vai dar conta de ir até o final. As contrações em si ainda são suportáveis, apesar de serem bastante doloridas e durarem mais, o problema é que, com intervalos menores, o cansaço aumenta, e aí vem a dúvida: “quanto tempo mais será que eu vou aguentar desse jeito?” (é nessa fase que se recomenda ligar para a parteira ou ir para a maternidade, dependendo do plano do casal.)
Nessa hora, geralmente, entram as Doulas com suas técnicas não farmacológicas de alívio da dor, e assim, de contração em contração, com a ajuda de massagens, palavras de conforto, e banhos quentes a fase ativa vai progredindo. Sua duração média é de 3 a 5 horas e ela engata na fase seguinte, a fase da transição, quase de maneira imperceptível. As contrações, que duravam 1 minuto, passam a durar mais do que isso, podendo chegar a 1 min e meio de duração (1 min e meio sentindo dor não é brincadeira!) seguidas de mais ou menos o mesmo tempo de intervalo. Nessa fase, vem a hora da covardia, em que muitas mulheres pensam que não vão dar conta, e pedem analgesia, pedem cesariana. Essa fase, para muitas mulheres, é a mais difícil do parto, porque a dor é muito intensa e elas não sabem quanto tempo mais aquilo vai durar. A boa notícia é que não dura muito tempo. Para algumas mulheres, são alguns minutos apenas, para outras pode chegar até 2 horas ou mais. Quanto maior for a entrega da mulher à Partolândia nesse momento, mais tranquila e rápida tende a ser a fase de transição.
A fase de transição termina quando, no meio da contração, a mulher começa a fazer força. Isso significa que o colo uterino dilatou completamente, e o bebê agora conseguiu inserir a cabecinha no canal vaginal (período expulsivo). Como o colo do útero aponta para trás, o bebê sai em direção ao intestino da mãe, e ao descer pelo canal, empurrado por cada contração, ele estimula os mesmos receptores que indicam para o cérebro quando o intestino está cheio e precisa ser esvaziado. Algumas mulheres relatam que sentem uma enorme pressão interna, outras dizem que sentem arder a vagina e outras ainda dizem que sentem como se tivessem um cocozão entalado. A força que a mulher faz nessa hora é involuntária, e não é ela que faz o bebê sair. É o útero, em toda a sua incontrolável força, que expulsa o bebê.
É absolutamente normal sentir cólicas durante o pós-parto. Na maioria dos casos, as mulheres não se sentem muito incomodadas com isso, pois são geralmente cólicas fraquinhas, mas para algumas mulheres, as cólicas pós-parto chegam a ser bastante incômodas. Elas tendem a ser mais frequentes e fortes durante a amamentação, pois a sucção do bebê estimula a produção de ocitocina, o mesmo hormônio que produz as contrações uterinas. As cólicas do pós-parto se devem ao retorno do útero ao seu tamanho normal após o parto, e são acompanhadas de um sangramento que é bastante abundante no início (bem mais do que uma menstruação) e vai diminuindo progressivamente. Na maioria dos casos, o sangramento cessa até 40 dias após o parto (se não cessar, é bom ir ao médico avaliar).
Contando as contrações
Existem diversos sites na internet e aplicativos para dowload que permitem contar contrações, como o Contraction Timer, o Contraction Counter, ou o Contraction Master. Todos eles funcionam mais ou menos do mesmo jeito: tem um botão, na hora em que a contração começa vc aperta o botão e na hora em que termina aperta de novo. Depois de algumas contrações, os programas geralmente indicam o tempo médio e a duração média das contrações. O problema é: quando as contrações estão mais doloridas, a mulher não se lembra de apertar o botão e nem de avisar quando a contração está começando nem acabando, rsrs! Mas normalmente, dá para se guiar apenas olhando para sua fisionomia: quando a contração começa, a maioria das mulheres franze a testa ou faz uma expressão mais tensa. Quando a contração termina, é comum a mulher relaxar os músculos e respirar aliviada.
Plágio é crime e está previsto no artigo 184 do Código Penal.