Sobre os fatores emocionais, a fusão emocional mãe-bebê, a participação do pai e muito mais, você confere abaixo, uma entrevista com a psicóloga Mirian Kedma.
Após o nascimento do bebê é normal que o desejo sexual da mulher diminua, mesmo depois que o obstetra da o “ok” para voltar a ter relações sexuais, a maioria das mulheres não sente vontade nenhuma. A falta de desejo é um fato e pode durar meses.
Há vários fatores que motivam isto:
A mulher tem que se dedicar ao cuidado de um recém-nascido e isso requer dela tempo integral. O cansaço não é só físico, mas é também emocional. O corpo da mulher está se recuperando da gravidez e do parto. Há mudanças hormonais que podem desequilibrar a mulher em vários aspectos e um deles é a diminuição da libido. Por outro lado, há mudanças corporais.
Algumas mulheres ficam com quilinhos de mais, barriguinha, estrias e isso pode afetar a autoestima. Pode também existir um medo inconsciente (ou consciente) de engravidar novamente, então a aversão ao sexo é uma maneira de espaçar as gravidezes.
A fusão mãe-bebê e a falta de desejo sexual
Um recém nascido exige atenção e cuidados constantes. O contato físico é permanente demandado belo bebê, ele quer sempre estar no colo ou mamando no peito. Laura Gutman fala que a mãe se funde com as sensações do bebê e que eles (mãe e bebê) continuam fundidos no mundo emocional por um longo período de tempo. Este estado fusional da mãe com o bebê é o que garante que ela possa se desdobrar para cuidar da cria e também é necessário para a construção do “eu” do bebê. À medida que o bebê for crescendo e se percebendo como diferente do outro, a separação emocional ocorre, mas isso só começa a acontecer por volta dos 2 ou 2,5 anos de idade. Então, é um período em que a mãe se verá envolvida em uma árdua tarefa que demanda não só esforço e dedicação física, mas emocional também.
A amamentação influência e a diminuição da libido
Durante a amamentação, simplesmente a libido é transferida para os seios. Ali se desenvolve uma atividade sexual permanente. A influência hormonal é visível. A prolactina, responsável pela produção de leite, inibe os hormônios ligados à sexualidade, como o estrogênio, cuja diminuição provoca falta de lubrificação vaginal, fazendo com que a penetração seja dolorosa.
Além disso, como foi mencionado anteriormente, o bebê demanda muito tempo e amamentar é uma das empreitadas que mais tempo demanda, principalmente nos primeiros dias após o nascimento, em que mãe e bebê estão se adaptando, e ainda mais se no começo da amamentação há algum contratempo ou entrave.
Como recuperar o desejo
Bem, a maioria das mulheres percebe que a diminuição da libido e a consequente falta de desejo sexual são temporárias.
É o esgotamento físico que acaba com o desejo?
Não é só o esgotamento físico. O cansaço, a falta de tempo que faz com que a mulher fique às vezes de pijama o dia todo, o corpo mudado, os fatores hormonais e emocionais antes citados, tudo contribui para que o desejo demore em reaparecer. E quando surge um tempinho livre? O corpo só pede uma coisa: dormir!
Mudanças corporais no pós-parto influenciam?
Sim, depois do nascimento do bebê não estamos em nosso melhor estado físico. A mulher precisa de um tempo para se recuperar. A autoimagem também é afetada, as formas não são as mesmas de antes da gravidez, também não são as de uma mulher grávida. Geralmente a roupa de gestante fica enorme e a anterior à gravidez não serve! Tudo isso pode baixar a autoestima da mulher e favorecer a diminuição do desejo sexual.
Carinho e atenção são imprescindíveis no relacionamento sexual pós-parto
Laura Gutman é uma psicoterapeuta de quem gosto muito, ela explica que se deve “feminilizar a sexualidade no pós –parto”, ou seja, quando o casal se conecta com a parte feminina da sexualidade que não precisa de penetração nem de orgasmos, o relacionamento sexual se torna mais pleno, mais completo e mais sensível. Abraçar, beijar e descobrir outras formas de demonstrar afeto pode ser suficiente para acender a chama. A compreensão e o acompanhamento da realidade física e emocional da mulher são necessários para que o romance não morra.
Muitos casais esquecem do namoro, pensam apenas na penetração e perdem a criatividade. Trazer flores, fazer mimos, um jantar especial, reconquistar a mulher como na época do namoro faz parte desta “feminilização” da sexualidade que é necessária neste momento de transformação feminina.
O homem pode perder o desejo no pós-parto de sua mulher?
Pós-graduada em sexologia pelo ISEXP (2007), é também mestre em Tocoginecologia pela UNICAMP (2005), tendo seu artigo “Qualidade de Vida e Sexualidade de Mulheres Tratadas de Câncer de Mama” publicado na Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia (RBGO) e na The Breast Journal como “ Sexuality and Quality of Life in Breast Cancer Survivors in Brazil”.
Plágio é crime e está previsto no artigo 184 do Código Penal.