Estudo feito pelo Ministério da Saúde relaciona crescimento desta forma de parto ao aumento de bebês com baixo peso

Cesáreas já são 48,4% dos partos

Ministério da Saúde inicia uma campanha para estimular o parto normal e mostrar que o método é bom para a mãe e o bebê. Risco de morte na cesariana é maior
O Ministério da Saúde está relacionando, pela primeira vez, o crescimento acelerado do número de cesáreas realizadas no País ao aumento dos nascimentos de bebês com baixo peso. A relação foi feita pelo ministro da pasta, José Gomes Temporão, durante entrevista coletiva para divulgar o estudo Saúde Brasil.
Dados da pesquisa mostram que as cesarianas, que representavam 38% dos partos do País em 2000, atingiram 48,45% em 2008 – proporção bem acima dos 15% recomendados pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Na Baixada Santista, o crescimento foi ainda maior: passando de 44,21% para 57,98% no mesmo período. Em 2008, dos 2.928.237 nascimentos ocorridos em todo o País, 1.418.796 foram cesarianas e 1.505.650, normais. Entre as cesáreas, 122.783, ou 8,6%, resultaram em nascimentos de bebês com baixo peso, enquanto nos partos vaginais esse índice foi de 7,94%.
Na Baixada Santista, o número de nascimentos de crianças com baixo peso por cesárea cresceu 25,82% em oito anos. Mas aqui o percentual de bebês com menos de 2,500 gramas foi praticamente igual nesse período. Em 2008, das 10.551 crianças nascidas por parto vaginal, 8,25% estavam abaixo do peso ideal, enquanto nas cesarianas, esse índice foi de 8,66%, de um total de 14.586. Segundo o diretor de análise de situação da saúde do Ministério da Saúde, Otaliba Libânio Neto, o baixo peso ao nascer é o fator de risco mais importante para a mortalidade infantil, principalmente para o componente neonatal precoce.
Conforme dados do Saúde Brasil, o Sul e o Sudeste têm alto índice de partos cesáreos e de bebês com baixo peso. Menores percentuais de bebês com baixo peso estão localizados em regiões com menor incidência de partos cesáreos ­ Norte e Nordeste. “
Estes resultados levantam a hipótese de que o alto número de cesáreas pode estar contribuindo para o aumento do baixo peso nas regiões Sul e Sudeste, conforme já apontam outros estudos publicados no Brasil”, disse Libânio Neto.
ANTES DO TEMPO
A preocupação do Ministério da Saúde, segundo o diretor, é com as cesáreas com datas marcadas, sem o uso de recursos diagnósticos que deem segurança ao procedimento.
“Os partos estão cada vez mais sendo realizados antes do tempo, do ponto de vista da maturidade do feto”, alertou o ministro da Saúde.
O problema éque essa antecipação do parto pode resultar na prematuridade iatrogênica – quando se agenda uma cesariana por supor que o bebê está maduro, mas ele nasce prematuro. “O que assusta é o alto índice de casos nos hospitais privados, em que as cesáreas são agendadas por conveniência”, salientou o diretor. Para evitar a prematuridade iatrogênica, a coordenadora da Saúde da Mulher da Secretaria de Saúde de Santos, Vera Aparecida Andrade, sugere que mesmo que seja programada uma cesárea, a mãe espere entrar em trabalho de parto, pois esse seria um sinal de que o bebê está pronto para nascer.

“Os ginecologistas e obstetras precisam ter a consciência de que a gestação dura 40 semanas ou 280 dias e o ideal é que a paciente entre em trabalho de parto.

A cesárea só pode ser indicada pelo médico quando a gravidez está em torno de 40 semanas”, Vera Aparecida. 

Alerta

“Os partos estão cada vez mais sendo realizados antes do tempo, do ponto de vista da maturidade do feto”

José Gomes Temporão, ministro da Saúde  

Parto 
Preparação 
“Em todas as unidades básicas de saúde há grupos de gestantes que são preparadas e trabalhadas para que o parto seja normal”
“As gestantes atendidas recebem todas as informações a respeito dos benefícios que esse procedimento possibilita, tanto para elas como para os respectivos bebês”
“Para evitar a prematuridade, o ideal é que mesmo se estiver marcada a cesariana, a mãe espere entrar em trabalho de parto”
“O trabalho de parto é o sinal que o bebê dá de que está pronto para nascer”
Na rede privada e conveniada, índice é maior

O diretor de análise de situa- ção da saúde do Ministério da Saúde, Otaliba Libânio Neto, lembra que a taxa de cesáreas divulgada pelo Saúde Brasil 2009 (57,98%) leva em consideração a média dos nascimentos em hospitais públicos e particulares de todo o País. “Se analisássemos apenas os partos realizados em unidade da rede privada e conveniada, o índice seria bem maior”. O argumento do diretor pode ser comprovado em Santos. Na Cidade, das 4.905 crianças nascidas em 2009, 3.289 vieram ao mundo por cesarianas, 67% do total.

Se analisarmos os nascimentos ocorridos nos quatro hospitais que atendem somenteasredesparticulareconveniada, esse número sobe para 88,61%. Ou seja,dos 2.117 nascimentos nesses hospitais, 1.876 ocorreram por cesarianas.
Já no hospital e maternidade municipal Silvério Fontes, taxa é bem menor: 38,55% dos 864 partos realizados no ano passado foram normais. Mesmo assim, o índice é superior aos 15% preconizados pela Organização Mundialde Saúde(OMS).
O Hospital Guilherme Álvaro (HGA), embora só atenda pelo Sistema Único de Saúde (SUS), é uma unidade referência para pacientes de risco, ou seja, teria maior probabilidade de ter um alto índice de cesarianas. Ainda assim, nascem mais bebês por parto vaginal do que por cesáreas. No local, dos 742 nascimentos ocorridos em 2009, 377 foram por meio de parto normal (50,80%).
Na opinião da coordenadora da Saúde da Mulher da SecretariadeSaúdedeSantos,VeraAparecida Andrade, será preciso umafortecampanhanacionalde conscientizaçãodetodaapopulação da necessidade de reduzir os índices de cesarianas no Brasil, como o trabalho feito com o aleitamentomaternoanosatrás.
“Em todas as unidades básicas desaúdetemosgruposdegestantes e elas são trabalhadas para o parto normal. Recebem todas as informações dos benefícios para elaseparaobebê”,disseVeraAparecida, que planeja fazer uma campanha de conscientização comaclassemédica.
Para a coordenadora da Saúde da Mulher, a cultura da cesariana no Brasil pode ser comparada a uma bola de neve, pois inúmeros fatores contribuem para esse crescimento acelerado do procedimento no País. “Muitas pacientes não querem sentir dor, e alguns médicos nem fazem questão de convencer a gestante de que o parto normal é melhor”.
Segundo ela, a cesárea acaba sendo bem mais cômoda e conveniente para a maioria dos ginecologistas e obstetras, pois eles não precisam desmarcar todas as consultas do dia para acompanhar um parto normal. Outro fator que interfere na escolha é o baixo valor pago aos médicos pelos planos de saúde para a realização dos partos.
 Campanha  incentiva  parto normal
Para tentar reduzir as cesáreas desnecessárias, o Ministério da Saúde lançou campanha de incentivo ao parto normal.
A técnica do Programa Nacional de Saúde da Mulher do Ministério da Saúde Daphne Rattner lembra que a cesariana pode interferir no vínculo estabelecido entre a mãe e o filho durante o parto. “Se, logo após o parto, o neném é acolhido e abraçado pela mãe, nesse momento se estabelece o vínculo maternal”, observa Daphne. “Após a cirurgia, pegar o neném no colo é dolorido para a mãe e, como o bebê geralmente é levado para observação, a instalação do vínculo pode demorar mais”, completa. 

 Na cesariana, também é mais frequente a ocorrência de infecção e hemorragias, além da possibilidade de laceração acidental de algum órgão, como bexiga, uretra e artérias, ou até mesmo do bebê, durante o corte do útero. A incidência de morte materna associada à cesariana é 3,5 vezes maior do que no método natural. 
“Os riscos são inerentes à própria cirurgia, a começar pela anestesia, em que a possibilidade de uma reação é imprevisível”, afirma a técnica da Saúde da Mulher.

Por: TATIANA LOPES
Fonte:
Baixada Santista
A TRIBUNA
www.atribuna.com.br
Este artigo pertence ao http://gestavida.blogspot.com/
Plágio é crime e está previsto no artigo 184 do Código Penal.
Thais Ramos Dias

Thais Ramos Dias

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