Mariana conta detalhes sobre a experiência do parto domiciliar

Joana: o nascimento

Dia 3 de fevereiro foi um dia especial. O dia do nascimento de Joana, filha de Mariana e Paschoal, neta de Ana Maria.
O nascimento de Joana foi motivo de matérias nos mais diversos veículos de comunicação e gerou muita curiosidade, afinal, Mariana decidiu ter o parto em casa.
Mas como é um parto domiciliar e no que ele difere dos outros? Quem estava lá no momento do nascimento de Joana?
Com exclusividade, Mariana contou tudo isso para o site Ana Maria Braga, inclusive sobre a escolha do nome, os cuidados que envolvem o recém-nascido e a preparação para um momento tão importante como o parto.
Site Ana Maria Braga – Como você escolheu o nome ‘Joana’?
 
Mariana – Joana é um nome que sempre gostei muito, que sempre chamou a minha atenção, mas não tinha um nome que eu falava que daria para minha filha quando tivesse. Durante a gravidez tinha vários nomes em vista, mas coincidentemente comecei a ganhar várias coisas de Joaninha… Minha mãe me deu uma joaninha muito legal e minha avó me deu um timer de geladeira de joaninha, e pousavam várias joaninhas em mim durante a gravidez. Perguntamos um dia pro Davi, meu enteado, como ia chamar a irmãzinha dele e ele, sem saber de nada disso, disse que ia se chamar Joana, que ele tinha contado para um amiguinho da sala dele que a irmã dele se chamaria Joana.
Acho que cada criança tem o nome dela e temos que ter a intuição de perceber qual é este nome. E ela é Joana total. E eu olho pra ela e acho ela com cara de Joana…
Site Ana Maria Braga – Desde o início da gestação sabia que queria um parto domiciliar? Como se preparou para ele?
Mariana – Na realidade não foi desde o início da gestação, porque não tinha idéia dos tipos de parto. Sabia que queria um parto normal, mas não sabia como conseguir isso e não sabia o que era um parto natural, de fato. Através de minha amiga e doula Marcelly descobri o parto natural e comecei a entender e participar dos encontros de gestantes, listas de discussão.
Eu tinha um ginecologista desde adolescente que ia a consultas periódicas, e mesmo ele sendo meu médico resolvi conhecer um outro médico ativista do parto natural e minha identificação foi imediata. Foi assim que o rumo das coisas mudou e continuei as consultas de pré-natal com ele. Mesmo com o pré-natal com este outro médico, decidi que teria duas parteiras. Lia relatos de parto e sentia que queria aquilo pra mim: um parto domiciliar. Por conta da gestação, acabei adquirindo hábitos mais saudáveis. Sempre fui atlética, mas não tinha uma regularidade de exercícios definida. Foi quando comecei a me dedicar a ioga, com a própria doula, que já me preparava para o parto, com exercícios para o períneo, controle da respiração, e uma consciência corporal maior.
Site Ana Maria Braga – A afinidade entre você, as parteiras e a doula foi essencial para que tudo corresse bem?
Mariana – Foi, tanto que foi imediata a afinidade. Assim que fiz minha primeira consulta com as parteiras, sabia que o parto seria realizado com a ajuda delas.
Site Ana Maria Braga – Quais as vantagens que você apontaria no parto domiciliar?
Mariana – A principal delas é paz, eu acho… Poder passar por este ritual na sua morada, na sua cama, estar totalmente segura em relação ao ambiente, cercada das pessoas escolhidas por você. Eu acho que o ambiente hospitalar dificulta o trabalho de parto. O ambiente faz toda a diferença para o trabalho de parto evoluir e em hospitais a probabilidade de se acabar em uma cesárea desnecessária é altíssima, porque os profissionais não tem a vivência do parto normal, e não respeitam o tempo da mulher, querem acelerar o processo com uma série de intervenções desnecessárias que podem também culminar com uma cesárea. Além disso, pesquisei que a analgesia e os outros medicamentos que são administrados num hospital acabam indo para a corrente sanguínea do bebê, interferindo em suas primeiras horas de vida.
Site Ana Maria Braga – Na hora do nascimento, quem estava presente com você, em casa?
Mariana – Desde sempre, meu marido, meu enteado Davi e o irmão dele, Kaique, a minha doula, Marcelly, e as parteiras Márcia Koiffman e Priscila Colacciopo.
Site Ana Maria Braga – Como é o trabalho das parteiras e da doula?
Mariana – Tanto da doula como das parteiras recebi muita massagem na lombar, indicações de posturas para quando viessem as contrações, além de um acompanhamento emocional e psicológico que era quase de mãe. Além disso, recebi, no final do trabalho de parto, acupuntura e moxabustão para aliviar e transcender as dores.
Site Ana Maria Braga – Como foi a emoção do primeiro contato com a Joana?
Mariana – Nossa, quando nasce é uma explosão de felicidade. Você percebe quanta vida a gente gera dentro da gente. Foi inexplicável e ainda é… É muito indescritível ser mãe.
Site Ana Maria Braga – Para “matar” a curiosidade de todos, como você descreveria a sua filha?
Mariana – Ela é uma anja, né? Às vezes eu olho no olho dela e eu percebo que é uma alma antiga que já sabe das coisas, me dá uma impressão que eu tenho tanto a aprender com ela, é muito mágico. Parece que nasce sabendo das coisas todas e aí que vai esquecendo quando cresce…
Site Ana Maria Braga – Como tem sido os cuidados com a Joana?
Mariana – Eu me descobri uma ótima mãe, sabe, porque tenho achado muito natural tudo. A amamentação é uma coisa fortíssima, que nos mostra o que é cuidar. É o melhor cuidado que a gente pode fazer e esse. Dar o peito pro nosso filho, alimentá-lo, sem restrição, usando a intuição, é uma coisa simples. E o parto natural ajudou muito nesse processo. Imediatamente após o parto eu já estava apta a dedicar todos os cuidados para a minha bebê. Carregar a neném, levantar, sentar… Acho que essa é uma vantagem que outros tipos de parto acabam não dando para a mulher.
Site Ana Maria Braga – Nos cuidados com ela, algo lhe surpreendeu ou foi diferente do que você imaginava que seria?
Mariana – Outra coisa que optei foi usar fraldas de pano. Eu tenho as achado surpreendentes. Ela traz outra dimensão do cuidado, da suavidade, do carinho que é cuidar da fralda do neném, e além da questão ecológica que não precisa nem falar. Em média uma criança de dois anos consumiu até ali 5.500 fraldas. Acho que as pessoas deveriam ter essa consciência dos danos que isso vai fazer para o planeta. Pretendo amamentá-la muito. É muito bom saber que até os seis meses de idade seu filho só precisa do seu peito e mais nada. Isso deve ser visto como uma dádiva, uma benção. A sensação de amamentar é indescritível.
Este artigo pertence ao http://gestavida.blogspot.com/
Plágio é crime e está previsto no artigo 184 do Código Penal.
Thais Ramos Dias

Thais Ramos Dias

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