por Kalux fecharSobre o(a) Autor(a) Site: http://www.kalubrum.com.br
Sobre: 31 anos, leonina, jornalista, estudante e praticante de yoga, mestre de reiki e meditação, blogueira recente e poeta antiga. Agora Doula Fotógrafa ou Fotógrafa Doula. Mãe do Miguel, 3 anos, nascido em um lindo parto domiciliar de pouco mais de 40 minutos que me fez colocar em prática todas as rezas, mantras e meditações. Vivo no meio do mato em Belo Horizonte, sou voluntária da Ong Bem-Nascer. Adoro saber mais sobre céu e terra. Movida a paixões e ideologias. Escrevo às terças e sextas-feiras. Quer saber mais? Tem aqui. » Leia mais posts de Kalu (290)
Um dos procedimentos de rotina dos pré-natais é o exame de toque, independentemente da idade gestacional. Mas este procedimento, como a maioria dos exames e intervenções, só pode trazer benefícios quando não é banalizado.
O exame de toque serve basicamente para avaliar a evolução da dilatação no rabalho de Parto, apresentação do utero e posicionamento do bebê. O esperar de uma mulher com 24 semanas? Que o colo esteja grosso e fechado, o bebê na posição que desejar (não estará encaixado) e alto. E se a mulher não apresenta qualquer queixa, para que realizá-lo?
Se uma mulher apresentar contrações prematuras, vale avaliar se as mesmas indicam um trabalho de parto precoce. Aí sim, depois de investigar se não se trata de braxton, infecção urinária, pode-se fazer um exame de toque. Mas ele é mera especulação.
Acompanhei uma gestante que com 32 semanas fez o exame de toque e o médico verificou que ela tinha 2cm de dilatação e colo afinado. Ela tomou corticóide para amadurecer o pulmão do bebê no risco de parto prematuro. Com 35 semanas, se não me falha a memória, tinha 3 ou 4 cm. Mas sem contrações ou seja não estava em Trabalho de Parto. Pariu rapidamente e teve um parto natural com 39 semanas. Um parto a jato (já que tinha menos 4 cm para caminhar).
Então, o que o exame de toque adiantou? Nada.
Em trabalho de parto a questão do exame de toque é uma faca de dois gumes. Ele é feito para protocolar a mulher que deve dilatar x cm por hora. Quando estaciona em X cms considera-se parada de progressão e aí vem as medidas intervencionistas. Uma analgesia para ver se a mulher ( e o útero) relaxam e a progressão progride ou ocitocina para ajudar nas contrações. A medicina tradicional desconsidera os fatores emocionais.
Imagine que você está com uma sensação de grande dor e passou 5 horas com determinada dilatação. Medem novamente e você não saiu do lugar. Essa informação vai fazer com que a mulher desista pensando que, se em X horas ela não dilatou, precisará de mais X para parir. E na mente dela ela decreta: não vou agüentar.
Mas o que acontece é que a dilatação não é tão precisa. Existe a relação ocitocina X adrenalina. Se quiser aumentar a dilatação é preciso aumentar a ocitocina natural. E para aumentar a ocitocina é preciso de:
– Pouca Luz
– Silêncio
– Privacidade
– Não observação
– Ambiente quente e confortável
– Beijo na boca do marido
– Massagem
– Paz
– Pouca Luz
– Silêncio
– Privacidade
– Não observação
– Ambiente quente e confortável
– Beijo na boca do marido
– Massagem
– Paz
Quando a mulher para de dilatar é aí que aumentam o monitoramento, a observação e a adrenalina da mulher (e da equipe) vai nas alturas inibindo a ocitocina.
Lá vem a ciência solucionar problemas para os quais ela mesma causou. Ocitocina sintética, dor, adrenalina, anestesia, mais ocitocina. Uma vez que a ocitocina sinstética entra na corrente sanguínea da mulher, toda a ocitocina que ela liberaria naturalmente, antes, durante e depois do parto é bloqueada.
E isso significa o que?
Que depois do parto, momento em que é necessária a liberação do hormônio para criar vínculo com o bebê, segundo o obstetra Michel Odent é o êxtase – coquetel de hormônios- que sentimos no pós parto que faz com que criemos vinculo de amor com a cria) ele não se faz presente.
A ocitocina é um hormônio natural presente e fundamental para a hora do parto. Em grande parte dos partos normais em todo o planeta, para acelerar a contração do útero e tornar o parto mais rápido, a ocitocina é usada de forma padronizada, é o caso do Brasil. O famoso “sorinho” torna as contrações extremamente fortes e doloridas, levando muitas vezes a alteração do batimento cardíaco do bebê, fazendo-se necessário o uso de anestesia e as cascatas de intervenções físicas e medicamentosas.
Segundo Odent, por ser um hormônio, a ocitocina passa pela barreira placentária e chega à corrente sanguínea do bebê, atingindo o cérebro da criança. Segundo o obstetra, o uso da ocitocina sintética pode gerar seres humanos mais agressivos por ser um hormônio diretamente ligado a socialização. Ele o chama de “hormônio do amor”, porque está presente na relação sexual, na amamentação e no parto e pós parto, facilitando a relação instintiva entre mãe e filho.
Outra conseqüência é a incapacidade ou dificuldade de produzir ocitocina em outros momentos da vida, uma vez que sua versão sintética bloqueia a produção de ocitocina natural. Atingindo o cérebro da criança, este ser humano pode ser incapaz de produzir este hormônio, tanto na hora do parto, como em outras situações de suas vidas. Sem a produção de ocitocina ficamos incapacitados de sentir prazer.
Voltando para a questão do toque, já vi o procedimento ser bem usado em algumas ocasiões. Em um Parto Domiciliar bastante demorado (mais de 30 horas) avaliou-se a possibilidade de romper a bolsa uma vez que a mulher estava com dilatação completa e o bebê não descia. Para saber se o bebe estava alto e a evolução do parto depois de tanto tempo, para que a família e parteiras avaliassem uma possível transferência, optou-se pelo rompimento artificial da bolsa e o bebe nasceu.
Outro caso, a mulher estava bem cansada e quis saber a quantas andava a evolução do parto. A enfermeira avaliou 8 cm e um rebordo de colo. Segurou o rebordo e o bebê nasceu uma hora depois.
Então, como tudo na vida, bem usada a intervenção pode apresentar benefício. A banalização é que causa problemas.
Vale o alerta de que muitos obstetras não humanizados costumam descolar as membranas para acelerar o início do trabalho de Parto por volta das 39 semanas. Algumas vezes não avisam que vão fazer e nem a finalidade. E só é possível fazer isso quando se faz toque (geralmente um toque dolorido).
No Trabalho de Parto, com médicos não humanizados, exame de toque pode levar o médico romper a bolsa sem a mulher querer. Não aceitar o exame de toque é se poupar disso também.
Perto do parto saber que o colo está amolecido e com x cm pode causar ansiedade.
Sem contar que, mesmo com luva, fazer toque aumenta o risco de infecção, principalmente se a mulher estiver com bolsa rota. Mas experimente estar com bolsa rota para saber quantos exames de toque vai receber. Parece que muitos médicos só aprendem a fazer cesárea, toque e ultrasson para serem obstetras.
Vou deixar bem claro que não sou “contra” os procedimentos. Nem uso de ocitocina, nem anestesia. Já escrevi um texto sobre quando a anestesia ajuda no Trabalho de Parto. Há pouco tempo acompanhei um parto em que o obstetra optou pela analgesia e forceps de alivio. Acredito que uma analgesia leve ou uma ocitocina leve poderiam ter ajudado essa mulher parir.
Todo e qualquer procedimento quando banalizado representa risco. Por exemplo, locais em que não há assistência obstétrica ou aqueles com índices altos de cesáreas possuem índices de morte neonatal e infantil semelhantes. Ou seja, a falta de recursos ou excesso (mal utilizados), são prejudiciais.
A princípio devemos acreditar que nosso corpo tem plena capacidade de parir, sem drogas e intervenções, mas se abrir para a possibilidade de valer-se de recursos quando acabarem as forças físicas e emocionais para prosseguir.
Na minha opinião um parto com analgesia (pouca) e ocitocina (pouca) é melhor que uma cesárea. Uma cesárea melhor que um óbito. O risco, em tudo, é a banalização.
E você, o que pensa do exame de toque?
Fonte: Blog Mamíferas
Este artigo pertence ao http://gestavida.blogspot.com/
Plágio é crime e está previsto no artigo 184 do Código Penal.
Plágio é crime e está previsto no artigo 184 do Código Penal.