A sexualidade durante a gravidez continua a ser um assunto que inquieta muitos casais e que, por falta de informação, os afasta muitas vezes num dos momentos da vida em que a intimidade deveria estar a ser consolidada, pois afinal, passados nove meses, o casal adquirirá uma dupla função: a de pais e cônjuges.
Determinados mitos e tabus são vivenciados e dúvidas surgem nesse período, fazendo-se necessário através da educação desmitificá-lo, principalmente no que se refere às questões físicas, emocionais e sexuais. Tanto homem como a mulher não perdem o desejo sexual durante os nove meses da gravidez. Em seguida podemos visualizar alguns medos mais frequentes no casal durante a gravidez:
O pénis, durante a penetração pode chegar a magoar o bebé?
O feto esta muito bem protegido dentro do útero da sua mãe, envolto pelo líquido amniótico, a placenta e a cavidade uterina. Mesmo nos casos de penetração profunda, não existe a menor possibilidade de o pênis atingir o bebé. A glande do pénis é macia, amortecendo o contacto com o colo do útero. Além disso, vale ressaltar que o canal do colo do útero mede menos do que meio centímetro de diâmetro, o que impede a entrada de qualquer pênis.
As contrações do útero, no momento do orgasmo, podem provocar aborto?
As contrações uterinas provocadas pelo orgasmo não são prejudiciais ao bebé e muito menos suficientes para provocar um aborto. O orgasmo está directamente relacionado à qualidade de vida e saúde da mulher. A excepção se aplica aos casos em que a mulher já está tendo contracções antes da relação sexual, o que quer dizer que, depois da relação as contracções podem aumentar e ocorrer um aborto., mas nesse casos o médico assistente ou a enfermeira especialista em saúde materna , poderá vos ajudar a esclarecer este pormenor.
O esperma pode prejudicar o bebê?
Se durante a penetração vaginal o pênis ejacular, não há qualquer possibilidade do esperma entrar em contacto com o bebé, pois o mesmo está protegido pela placenta. O esperma e os espermatozóides não conseguem ultrapassar esta barreira. Além disso, existe uma falsa crença de que a quantidade de prostaglandina, encontrada no esperma, seria suficiente para provocar um aborto. Isto somente seria possível se a vagina recebesse uma quantidade de esperma produzida por mais de quinze ejaculações, num intervalo de tempo inferior a uma hora.
Restrições ao sexo vaginal durante a gestação são feitas no caso de mulheres que apresentam sangramento, ou diante de ameaça ou histórico de abortos espontâneos. Nestes casos especificamente, as relações ficam suspensas somente no primeiro trimestre da gravidez. Porém, não há restrições às carícias, ao toque, à massagem erótica, ao sexo oral, à masturbação mútua e ao sexo anal. Nunca se deve esquecer: sexo faz bem para o corpo, dá prazer e, associado ao sentimento, aumenta o vínculo do casal e proporciona um clima de maior receptividade para o bebé.
As variações do desejo sexual na gravidez
Durante a gravidez, o desejo sexual pode, ou não, sofrer diminuição ou mesmo encontrar-se inibido. Tudo vai depender do vínculo afectivo que existe entre o casal, do estado de saúde geral de ambos e da influência dos mitos, crenças e valores exercidos sobre a formação pessoal de cada um. Percebe-se que tais alterações do desejo sexual estão associadas a aspectos emocionais e físicos. Teoricamente, a gravidez divide-se três períodos:
1º trimestre:
Cerca de 70 a 80% das mulheres neste período ficam frequentemente enjoadas (não apenas de comida, de cheiros, mas de tudo, inclusive do cônjuge), vomitam com facilidade e sentem sono excessivo. É a fase da progesterona, hormónio responsável pelo desenvolvimento do saco gestacional, importante para a continuidade da gravidez. O desejo sexual e a frequência das relações diminuem. A ansiedade e a insegurança diante da nova condição, a maternidade, geram o medo de perder o bebé, ao mesmo tempo em que o sentimento de culpa e a rejeição se instalam, pois a gravidez denuncia a ocorrência da intimidade afectiva. As alterações físicas surpreendem a mulher e provocam a sensação de incómodo durante o ato sexual.
2º trimestre:
Neste período 80% das mulheres percebem um aumento no desejo sexual. Este período é o mais tranquilo para a mulher, pois a fase dos enjoos e dos sintomas físicos cessou. Há grande produção de lubrificação vaginal, o que facilita a penetração e a torna mais prazerosa. O marido se aproxima. Novos atractivos sexuais saltam aos olhos do cônjuge e a própria mulher os valoriza: aumento dos seios, silhueta mais cheia e redonda, a pele viçosa e o cabelo mais sedoso. Estes são dados que contribuem para o aumento da auto-estima e do desejo sexual. O bebé passa a ser mais aceito, e o medo do aborto espontâneo diminui.
3º trimestre:
O último período da gravidez é caracterizado pelo aumento da ansiedade, devido à proximidade do parto, e pela condição eminente da maternidade. As alterações físicas estão chegando ao limite máximo, e a mulher passa a se ver como gorda, feia e nada atraente aos olhos do marido. A lubrificação vaginal diminui, e os mitos do sexo vaginal durante a gravidez ganham força. Aproximadamente 80% das mulheres percebem uma diminuição drástica no desejo sexual. Neste período é muito comum o cônjuge também estar vivenciando a ansiedade da chegada da paternidade e o seu desejo sexual geralmente fica prejudicado.
Só é restringido as relações sexuais nos casos de:
Sangramentos vaginais – Na maioria das vezes, não envolvem riscos, mas é bom consultar um especialista na área.
Placenta baixa– Pode ser aconselhável uma abstinência sexual temporária.
Contrações regulares-períneo, entre outros sintomas. Neste caso, será encaminhada para o médico obstetra onde poderá optar por fechá-lo artificialmente (cerclagem), recomendando abstinência em período a ser definido por este.
Trabalho de parto prematuro– Se há esta ameaça em torno do sétimo ou do oitavo mês, a gravida é medicada. O médico pode pedir ainda exames que registrem a ocorrência de contracções. Aconselha-se evitar relações sexuais até o nascimento do bebé.
As posições sexuais.
Durante a gravidez o corpo vai-se alterando, e por isso é um momento em que o casal pode descobrir novas posições para que ambos se sintam mais confortáveis. No início da gravidez, as posições sexuais são as mesmas que o casal utilizavam anteriormente, mas a pouco e pouco elas vão-se adaptando às novas exigências.As posições em que a mulher fica por cima do parceiro são as mais confortáveis, uma vez que ela pode controlar a profundidade da penetração.
Ps: Lembre-se que sexo com ejaculação no final da gravidez pode ajudar a a preparar o colo do útero para o parto, amolecendo-o!
Faça sexo e com amor, não faça forçado e não obrigue seu marido. Se ele estiver desconfortável converse com ele, escute-o e e tentem entrar em um acordo.
Bibliografia:
Crawford, Marta.(2008).Viver o sexo com prazer. A esfera dos livros.Lisboa.
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Plágio é crime e está previsto no artigo 184 do Código Penal.